Portugal participa em inquérito sobre discriminação de pessoas com HIV http://ow.ly/2uXVst

Quem sou eu?

Sou um jovem com 24 anos. Cheio de sonhos e objetivos como qualquer jovem da minha idade. Busco todos os dias por um dia ainda melhor, do que aquele que passou. Tenho alguns amigos e gosto muito da minha família. Tenho um gosto particular no que diz respeito ao próximo, secalhar advém da minha infância , não sei ainda muito bem. Só sei que me sinto bem em ajudar os outros e deitar-me à noite na cama e pensar que mudei alguma coisa para melhor. Mas, isto mudou quando naquele dia de 2010, descobri que era seropositivo. Uma coisa que pensava que só acontecia aos outros. Mas, enganei-me! Pensei que tudo iria acabar nesse momento. Não contei a ninguém, apenas à minha mãe. E hoje, só ela e os médicos é que sabem que tenho HIV.

Escrever um blogger? É algo que ando para fazer à muito tempo, mas só hoje chegou o momento. Quatro anos depois de saber que sou seropositivo ganhei coragem e tempo para partilhar com outros jovens, que se encontram na mesma situação que eu ou até aqueles que tiverem interesse nesta temática.

Voltarei a escrever...

"- Deu positivo!"

Tinha chegado ao fim a semana académica. Diversão, alegria, loucura e muita amizade não faltou. Os copos e aqueles charros também não faltaram. Depois da diversão é altura de retomar à vida porque os exames estavam à porta.

Passado umas semanas comecei me achar diferente.

Emagreci, tinha frequentemente diarreia e o meu estado de humor não era o melhor. Achava estrado, mas quando me interrogavam "estas mais magro, não estas?" ou "antes tinhas mais paciência!" tentava dar a volta dizendo que não era verdade. Mais tarde, encontrei um caroço no meu pescoço. Fiquei assustado? De dia para dia aumentava, ate que decidi ir ao hospital. Comigo foi uma colega de turma. Esperou  comigo 6h até que fosse atendido. Expliquei ao médico o porquê de estar ali. Observou-me e chamou outro médico. "Teve alguma relação sexual nos últimos tempos desprotegida?". Quando me fizeram esta pergunta desapareci daquele sitio em pensamento e fui reviver tudo o que tinha feito, num espaço de tempo de 30segundos. "-Sim!" - respondi.

Conheci uma rapariga na semana académica e tive relações com ela no mesmo dia em que falamos pela primeira vez. Era raro isto acontecer, mas naquele dia a noite tinha sido muito agreste e aconteceu. Não forcei a importância do preservativo. Senti me como tivesse feito o pior erro e tentei acreditar que não passava de um pesadelo. Marcaram-me análises e fui faze-las. Depois esperei 15dias para saber os resultados. Nesses 15 dias, li tudo o que tinha para ler na internet sobre a SIDA. Comecei a estar com medo das alterações que iam acontecer, o que os outros podiam pensar e como seria a minha vida com HIV. Chegou o dia de saber os resultados. Deu positivo e fiz a contraprova e deu novamente positivo.

Afinal era real e não um mero pesadelo da minha juventude. A minha colega chegou-me a perguntar e eu disse que tinha dado negativo. Sabendo eu que precisava tanto de ajuda, mas não quis contar porque tive medo. Medo dela pensar que não era o que pensava de mim ou não entendesse o porque de estar assim. Ou confusão na minha cabeça?

São estas e muitas perguntas que levam tempo a ter resposta. Por vezes, chego a solucionar algumas, outras tento nem pensar. Desde do dia que soube que era seropositivo algo mudou em mim, tenho noção disso mas tento levar a vida como ela quer ser vivida. Por vezes, esqueço que a tenho para que se torne mais fácil de passar. Este foi o início de uma nova vida para mim. O início de uma luta constante em encontrar a saída, porque a esperança será sempre a última a morrer. O renascer de uma pessoa como de um papel reciclado se tratasse...Este foi o meu início de uma nova vida!